Mulheres vencedoras herdam legado das ancestrais, diz Mãe Carmem de Oxalá
28/06/2009 ás 17:31:30 por Ricardo Wesley Martins :
Fonte: II CONAPIR
Fonte: II CONAPIR
Mulheres vencedoras herdam legado das ancestrais, diz Mãe Carmem de Oxalá
As mulheres negras de sucesso guardam visivelmente o perfil das guerreiras de Ruanda, das fêmeas com poder de comando da África de tempos atrás. Essa característica foi identifica por Mãe Carmem de Oxalá, dona da casa de umbanda Nação dos Orixás de Cabinda, no Rio Grande do Sul. Graduanda em Psicologia, Carmem pesquisou durante 30 anos (de 1975 a 2005) a psique dessas mulheres e conseguiu identificar o momento em que elas se tornaram “diferentes”.
A tese completa – “Mulheres Afro-Brasileiras, Uma História de Seis Casos” – será divulgada em 25 de julho, Dia das Mulheres Negras, Afro-Descendentes e Caribenhas, na Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul. “Queria provar, e consegui, que nem toda mulher negra tem que obrigatoriamente estar em situação de vulnerabilidade social ou nascer com o destino traçado para sofrer. A estância psíquica estruturante que passa pelo desenvolvimento começa na infância e direciona as escolhas”, avalia. E são essas escolhas que orientam o comportamento pelo resto da vida.
Mãe Carmem conta que seu principal trabalho é fazer a releitura dos valores civilizatórios africanos dentro do contexto contemporâneo, para disseminar a cultura e provar que as religiões de matrizes africanas não são apenas defendidas por pessoas
de baixo nível de conhecimento acadêmico.
de baixo nível de conhecimento acadêmico.
Carmem disse estar convencida de que “entre os grandes problemas que nos afetam também tem esse que se chama capitalismo”. Sem dinheiro, tudo fica mais difícil. Por isso, conquistou o respeito da comunidade acadêmica e, não sem esforço, criar o primeiro curso de Língua Ioruba no Estado dentro do grupo de trabalho “Cantando as Diferenças”. Atualmente tem suficiente prestígio para, além de discutir religião de matriz africana entro da universidade, trabalhar com grupos que cuidam de saúde mental e, em parceria com escolas locais, dar assistência jurídica e psicológica à população de baixa renda, pelo projeto “Cantando as Diferenças”, que acabou por despertar o interesse de vários outros parceiros importantes.
A yalorixá vai comemorar, em julho, 20 anos de legalização do terreiro, que herdou da mãe biológica e também espiritual, Quina de Iemanjá. Foi a primeira a solicitar concessão para uma rádio comunitária. “Fazemos aniversário junto com a Constituição Federal”, lembrou. O processo teve início em 2005, pouco depois da criação da SEPPIR. A rádio tem o objetivo de divulgar assuntos de construção da identidade positiva e estimular o debate. O Ministério das Comunicações já enviou funcionários para fazer a avaliação técnica da demanda. “Temos que preservar com determinação as nossas tradições. Quando alguém quer domar um povo, antes mesmo de apagar sua história, a primeira coisa que quer tirar é a língua”, afirmou.
Comunicação Social da II CONAPIR