O Grupo Católicas pelo Direito de Decidir é uma entidade feminista, de caráter inter-religioso, que busca justiça social e mudança de padrões culturais e religiosos vigentes em nossa sociedade, respeitando a diversidade como necessária à realização da liberdade e da justiça. Entre suas ações está a produção de vídeos como Homem Grávido?
A idéia é nos fazer refletir sobre o quanto somos donos de nossos corpos e o quanto podemos decidir sobre eles. Então, uma das perguntas é: se homem engravidasse o aborto seria proibido? Seguidas de outras: aborto seria crime? Quem tem direito de decidir sobre o corpo das mulheres? É uma situação hipotética, porém nos ajuda a pensar como, socialmente, o corpo do homem e da mulher são vistos e tratados de maneira diferentes. A idéia da maternidade como símbolo maior da mulher e, como representação do seu destino na terra, contribui para desenvolver políticas que anulem a autonomia da mulher sobre seu corpo. Mas e o homem? Socialmente qual a responsabilidade que é cobrada dele em relação a paternidade? Apenas o de provedor. Esses papéis sexuais acabam tornando nossa sociedade menos autônoma, pois as pessoas não são livres para decidirem sobre suas vidas.
Eu fiz um aborto. Imagem de Lorenzo D' Uva, no Flickr em CC alguns direitos reservados.
Nossa luta pela descriminalização e pela legalização do aborto quer proporcionar um aborto legal, seguro e raro. Há várias mentiras espalhadas sobre essa questão que precisam ser esclarecidas, como mostra o texto Aborto: 10 razões para legalizar, do Sapataria – Coletivo de Mulheres Lésbicas e Bissexuais do DF, que reproduzo aqui:
- Legalizar o aborto não vai fazer todas as mulheres “saírem abortando” bebês de até 9 meses, todos os dias em hospitais públicos e, fazendo com que o números de abortos aumente drasticamente gerando um caos social. Os números já são drásticos: aproximadamente mil mulheres morrem por ano ao realizarem abortos na clandestinidade. Fora essas, estima-se que 2 milhões de abortos clandestinos são realizados por ano. Essa soma é apenas aproximada porque é ilegal. Se o aborto fosse legalizado, o governo teria oficialmente o número de abortamentos, poderia controlá- los e saberia onde tem mais ou menos abortos para tentar diminuir este número. Se o aborto é crime não se tem controle, o número de abortos não diminui, mais mulheres morrem, mais pessoas são presas e o governo não pode fazer nada para mudar isso.
- Em países ocidentais onde o aborto foi legalizado, observa-se a cada ano uma diminuição do número de abortos. Porque quando se legaliza, fala-se mais sobre o assunto aumentando a informação e promovendo a prevenção.
- As clínicas clandestinas funcionam em condições precárias oferecendo riscos a vida das mulheres ou praticam preços abusivos e só conseguem ser frequentadas por pessoas com alto poder aquisitivo. O problema do abortamento clandestino acaba sendo das mais pobres, em sua maioria negras, que não encontram opções e ainda correm o risco de serem presas. Criminalização só aumenta a hipocrisia e os bolsos de muita gente.
- Se o aborto for legalizado nenhuma mulher será obrigada a abortar. Não haverá uma sala de abortamento em cada hospital, pronta para obrigar toda e qualquer grávida a isso. A mulher que decidir abortar terá é direito a atendimento médico, podendo fazer o procedimento de forma segura.
- Legalizar o aborto não é incentivar o aborto. Junto com a legalização, o Estado vai reforçar campanhas de educação sexual, direitos sexuais e reprodutivos, aumentar o acesso de mulheres e homens para os métodos contraceptivos, como também aos métodos de uma gravidez saudável. Abortar não é algo prazeroso, mas se alguma mulher precisar fazer, que ela não seja presa e tenha assistência para isso.
- A legalização do aborto não vai encher os hospitais de milhares de mulheres querendo abortar, não sobrando espaço para as que querem dar à luz, isso é uma mentira. Os hospitais atendem diversos casos de mulheres que abortaram na clandestinidade e quase morreram por causa disso. Acaba que isso tem um custo bem maior do que a realização de um aborto seguro e legal.
- Se você pensa que com a legalização do aborto, você mata 1 vida, com a criminalização do aborto você mata mais vidas: a do feto e a de milhares de mães que morrem tentando o processo de abortamento.
- A legalização não defende que abortar é bom. Se você pensa que abortar é ruim, abortar na clandestinidade, ser presa ou até morrer é muito pior.
- Ser contra o aborto é decidir por você. Ser contra a legalização do aborto é decidir por todas. Ser contra o aborto é não achar certo fazer um aborto. Ser contra a legalização do aborto é ser a favor da morte de milhares de mulheres.
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